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Muitos Joãos e muitas Marias

19 de dezembro de 2018

Quando comecei a namorar meu primeiro marido era uma moça muito prendada, porém, não sabia cozinhar. Achei muito melhor aplicar meu tempo em trabalho, estudo e leitura de livros. Mas quando havia tempo, optava por fazer a limpeza ao invés de ir para o fogão, já que não tinha como pagar alguém para limpar meu pequeno rancho da época.

Este meu namorado resolveu “investir” em mim, porque queria que eu aprendesse a cozinhar. Como estava apaixonada concordei, afinal, saber cozinhar seria mais uma qualidade que teria ao longo da vida, além de poder deixar as pessoas felizes, principalmente ele!  Então, ele sugeriu que eu fosse à Florianópolis aprender a arte da culinária com uma de suas irmãs, uma mulher muito especial e uma excelente cozinheira.

Peguei o ônibus e lá fui para uma aventura de aprender a conquistar meu namorado pelo estômago!

Sentei-me ao lado de um senhor que pela idade que aparentava poderia ser meu pai. Começamos uma longa e agradável conversa. Penso que ele me contou quase a sua vida toda e eu o ouvia atentamente, muitas vezes até rindo das histórias.

Num determinado momento, eu disse que gostaria de descansar um pouco e logo peguei no sono. De repente, senti uma mão tocando a minha coxa e acordei assustada. Pedi a ele que não fizesse mais aquilo, que estava cansada e reclamei mais de uma vez com muita educação, porém, com firmeza para que me deixasse em paz e fosse descansar também. Dormi e logo senti novamente sua mão. Dessa vez, o avisei que se continuasse com aquela atitude, eu gritaria muito e todos no ônibus saberiam do ocorrido.

Fingi que estava dormindo, porque depois dessas tentativas o sono foi embora. Porém, essa ameaça não assustou nem um pouco e ele veio com mais força me tocando fortemente com as duas mãos. Com a mesma força que ele fez isso eu gritei, gritei muito: “não me toque mais…pare com isso…quem pensa que é…safado…bandido…idiota…”

Os outros passageiros foram acordando, acendendo as luzes e perguntavam o que estava ocorrendo. Alguns se levantaram e vieram até meu banco com caras de assustados. E ele gritava:  “eu não fiz nada…essa mulher é louca…louca…”. E eu repetia: louco é você!

Depois disso, o senhor se levantou, mas eu agarrei o seu braço. Então, um jovem passageiro interviu e me convidou para sentar ao lado dele em uma poltrona vaga.

Imagine como terminou a viagem…. As luzes foram os poucos sendo apagadas, murmúrios se ouviam, a agitação foi diminuindo e eu ali, pensando no ocorrido completamente sem chão.

Mil pensamentos povoaram minha mente: “Como aconteceu isso? Tivemos um diálogo tão agradável, onde ele falou coisas do coração, da família, do trabalho, então, em que momento eu dei a impressão de que queria algo, ou melhor, que permitiria qualquer intimidade? ‘

Um sentimento começou a assumir meu momento:  “Sou uma jovem que gosta de conversar, alegre, brincalhona e me divirto com as coisas. Amo ouvir e contar as histórias das pessoas. Será que demonstrei outro tipo de intenção?  Mas isso daria a liberdade de ser assediada e tocada quando não quero? ”

Naquele momento, minha cabeça estava estourando de tanta dor. Um sentimento misto de vítima e bandida, a ponto de não conversar nada com ninguém com medo de ser acusada e condenada. Guardei essa tristeza dentro de mim.

Hoje, vejo que muitas mulheres já possuem a chave das algemas e são mais livres e lutam mais pelos seus direitos. Naquela época, há uns 40 anos atrás, não havia delegacia da mulher e nenhuma campanha de apoio, então, minha arma foi fazer escândalo, gritar, pedir socorro e guardar essa experiência horrível no meu currículo de decepções.

Essas e outras situações de assédio que vivi e que vou relatar na medida do possível no Varanda, retornaram às minhas lembranças devido ao caso do João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus. Pude sentir todas as emoções, dores e raiva que vivi nos momentos em que ofenderam a minha dignidade. As marcas nunca cicatrizaram de fato e vários anos de terapia me ajudaram a ter uma vida mais plena em todos os sentidos.

“A única coisa que consigo desejar neste exato momento de catarse, revelações e decepções, é paz para as pessoas que tiveram a vida marcada e prejudicada por essa violência atroz cometida por um ser humano doente. Serenidade para aqueles que estão com o coração machucado e se sentindo traídos. Sabedoria para aqueles que estão tirando as conclusões de toda essa situação. Perseverança para aqueles que depositavam na figura do médium as suas tentativas de resolução. Clareza para aqueles que precisam enxergar que a fé e a cura habita no coração de todos nós e se conecta por uma egrégora divina invisível.” (Diego Dumont)

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34 Comments

  1. Anônimo disse:
    19 de dezembro de 2018 às 09:27

    Belo texto, bela reflexão, os tempos mudaram e eu fiquei imaginando o quanto você digeriu esta situação para superar porquê não deixa de ser um trauma.
    Com o tempo a gente supera nossos medos , traumas e os desafios da vida .
    Grande abraço e continue escrevendo suas histórias e as suas boas reflexões com essa profundidade ímpar.

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:28

      Muito obrigada prometo trazer temas interessantes assim como histórias que sirvam para nossa reflexão. Muito obrigada

      Responder
  2. Fernanda dagostini faria disse:
    19 de dezembro de 2018 às 09:42

    Parabéns mãe! Vc conseguiu fazer uma limonada desse limão! Porque não não deixou de ser comunicativa e simpática com todos. Aliás, até hoje adora puxar papo com parceiros de viagem e taxistas.
    Incrível como a mulher consegue inverter os papéis e se responsabilizar por tudo. O erro eh somente dele, a atitude nojenta foi dele. Tomara q ele tenha levado um susto com o vexame e tenha mudado.

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:15

      Minha filha , que bom ler sua reflexão. Te amo

      Responder
  3. Elesa Almeida disse:
    19 de dezembro de 2018 às 11:08

    Belo texto!!!! Parabéns! !!! Bjo

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:15

      Ola Elesa que bom que gostou.

      Responder
  4. Elma disse:
    19 de dezembro de 2018 às 13:17

    Vida q segue… No caso de João de Deus, muitas pessoas vindo de longe e idolatrando um maníaco. BARBARIDADE, é esse ser sacana

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:16

      Elma, aqui se faz aqui se paga lembra desta lei??

      Responder
  5. Maria do Rosário A.S.Silva disse:
    19 de dezembro de 2018 às 21:47

    Valeu Rose, gostei da sua coragem de contar essa triste passagem da sua vida. Vc superou e continua sendo uma mulher extraordinária 👏👏👏👏

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:16

      Maria do Rosário, cada história e desafio que vivemos, né amiga???

      Responder
  6. Algacir disse:
    20 de dezembro de 2018 às 00:23

    Rose minha Irmã.
    Vc é uma Vencedora e muito Guerreira.
    Parabéns por ter tido tanta coragem em relatar esta experiência nada agradável.

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:17

      Mano Algacir poder contar minhas histórias, sem medo, torna minha vida plena. Muito obrigada.

      Responder
  7. Noeli Salete Ficagna disse:
    20 de dezembro de 2018 às 00:50

    Muitas mulheres não denunciam e até nem tem coragem de gritar como vc fez!
    Não sei explicar o que acontece… Talvez vergonha,medo, ameaças façam com que a mulher se cale! E nem sempre a vítima é mulher, ou seja…adulto. muitas vezes as crianças são vítimas!
    Isso é nojento!

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:18

      Noeli Salete minha amiga. Precisamos incentivar nossas pessoas queridas, ouvi-las mais e prestar bastante atenção nas nossas crianças, a gente nunca sabe.

      Responder
  8. Andrea disse:
    20 de dezembro de 2018 às 09:54

    Bela reflexão! Parabéns pelo texto!

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:19

      Andrea, muito obrigada.

      Responder
  9. Monica Sawada disse:
    20 de dezembro de 2018 às 18:52

    Parabéns pelo texto Roseli…

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:19

      Monica, muito obrigada querida.

      Responder
  10. Roque Luiz facioni disse:
    20 de dezembro de 2018 às 19:30

    Excelente texto, parabéns.

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:20

      Roque amigo, muito obrigada.

      Responder
  11. Lucia Elena Chagas Rocha disse:
    20 de dezembro de 2018 às 20:10

    Parabéns ,seu relato reforça ainda mais minha maneira de pensar , não devemos mudar nosso jeito de ser extrovertida ,comunicativa ,e sim lutar e mostrar que não somos o sexo frágil mesmo ,somos mulheres e exigimos respeito ,independente do nosso jeito de ser ,falar e vestir ,e que haja respeito em cada João e cada Maria , abraços minha amiga .

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:21

      Lucia, cada dia temos uma história nova porque nossa vida é assim, um conto de fadas e nem sempre um lindo conto de fadas. Não mudei nem vou mudar apesar do preço. Muito obrigada sempre.

      Responder
  12. Kathien disse:
    20 de dezembro de 2018 às 22:54

    Belo texto amiga. Sei como é isso… já senti na pele mais de uma vez. É horrível porque nos pega numa situação de fragilidade, inocência. Somos muito comunicativas e às vezes as pessoas , infelizmente,leva para o outro lado. Beijo grande

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:22

      Amiga Kathien, vc sabe a dor e a raiva de viver situações assim, por isso vamos incentivar para que denunciem, senão pelo menos fazer um escândalo rs.

      Responder
  13. Silvana disse:
    21 de dezembro de 2018 às 06:22

    Roseli, tua história é a história de muitas mulheres..é a nossa história,. parabéns pela atitude de coragem que teve em fazer algo naquele momento! 😘

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:23

      Silvana, muito obrigada. A coragem vem quando a gente tem o medo como aliado e não precisamos enfrentá-lo. rs

      Responder
  14. A indomável disse:
    21 de dezembro de 2018 às 08:44

    Eu me vi neste relato quando você descreve : jovem, alegre e brincalhona! E muitas vezes isso foi motivo para avanços indesejados! Quando jovem me sentia um lixo quando acontecia, hoje saio da situação dignamente e ignorando o retardado lindamente! Sou dessas! E tenho nojo de homens Assim!

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:23

      Muito bem. Gostei de ver sai da situação como uma rainha.

      Responder
  15. Anônimo disse:
    21 de dezembro de 2018 às 16:22

    Excelente texto Roseli! Parabéns pela coragem!

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:24

      Muito obrigada.

      Responder
  16. Neldir disse:
    21 de dezembro de 2018 às 17:47

    A Fernanda já disse tudo o que eu teria para dizer. Parabéns!

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      25 de dezembro de 2018 às 09:25

      Neldir, vc viu que eu estava indo pela primeira vez a sua casa?? Minha querida amiga e excelente cozinheira. te amo

      Responder
  17. Jussara disse:
    26 de dezembro de 2018 às 23:24

    Ainda bem que EXISTE mulheres corajosas com força pra botar a boca no trombone e dar um basta nesse abuso de crápula que se dizem “homens “

    Responder
    • Roseli Vitoria disse:
      4 de janeiro de 2019 às 19:30

      Jussara a coragem brota com uma força incrível
      e precisamo ajudar mais mulheres a manifestarem sua coragem.

      Responder

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