Hoje vou contar a história de José Pedro, mas que prefere ser chamado de Zé Pretinho.
Senta em minha frente um homem de um metro e sessenta mais ou menos, olhos arregalados, mãos calejadas pelo trabalho como pedreiro, ouvidos atentos e eu explico de uma forma mais simples possível o que significa Blog e quem vai conhecer a história que ele vai me contar.
Seus olhos continuam firmes em mim e sua boca entreaberta continua sem dizer uma só palavra e quando termino minha explicação pergunto se podemos começar. Ele diz: “Sim, dona menina, vamos lá! Quero sim contar uma parte da minha vida”
Zé Pedro tem 30 anos, mas eu jurava que tinha mais. Com certeza a pele enrugada foi castigada pelo tempo e pela dor que já passou. Sem emprego fixo, mas como ele mesmo diz “eu faço dum tudo, o que me mandarem fazer eu faço”. Falo alguma coisa que o faz rir e vejo que tem apenas dois dentes na parte de cima da boca, mas ele logo esconde o sorriso com uma das mãos.
“A vida era mais ou menos”, diz ele – Conheci Janaína, minha mulher, no interior do Piauí, quando ela tinha 15 anos. Daí minha vida começou a ter graça. Juntamos e fomos morar num casebre nos arredores de Teresina. Muito novinha, eu praticamente acabei de criar Janaína. Ela era muito linda, alta, morena e ri de tudo o que acontece. Às vezes, faziam fuxico da gente porque ela era muito linda para mim, mas eu nem dava bola, pois achava que era inveja deles”.
E assim, Zé Pedro e Janaína viviam sofrendo alegremente. Mas a situação foi ficando cada vez mais difícil. Zé Pedro perdeu o emprego e Janaína, que era faxineira, idem.
“Janaína estava sofrendo muito e eu também”, diz ele. Observei seus olhos se enchendo de lágrimas nesse momento. Ele continua: “Janaína resolveu passar uns dias com seus pais enquanto eu procurava emprego. Para mim foi uma tristeza imensa. Depois de 10 anos juntos, a gente precisou se separar, mas tive que aceitar. Depois de três meses, consegui um emprego e assim que recebi o primeiro pagamento fui a feira abastecer a geladeira e me preparei para ir buscar a Janaína no dia seguinte, pois já estava morrendo de saudades. Muito feliz, eu nem conseguia dormir, dona menina…– diz ele como se estivesse vivendo de novo aquele momento – …era tanta felicidade que meu coração parecia que ia sair do peito. Resolvi então ir ao bar de um amigo, que atrás ficava uma casa de “recursos”.
Eu pergunto: recursos? Ele diz: “Sim, era como a gente chamava na época uma casa de mulheres. A gente ficou bebendo cachaça, conversando e nem vimos o tempo passar. Meu amigo, vendo minha alegria, ofereceu um filé (puta nova) que estava frequentando a casa fazia pouco tempo, segundo ele. Eu pensei, pensei, mas sabe como é homem, né? Depois de umas e outras a gente não manda mais na nossa cabeça, então eu cedi. Porém, eu não imaginava o que estava para acontecer. Entrei num quarto escuro, naquela penumbra já meio tonto tirei a roupa e quando comecei a namorar, quem estava lá? A minha Janaína de carne e osso!”
Zé Pedro para, respira fundo e sente como se a história estivesse sendo vivida naquele momento novamente.
Ele continua: “Me desesperei, dona menina. Eu quis gritar, matar e até morrer, mas fiquei parado pensando que aquilo não podia ser verdade. E Janaína, com aquela voz linda me disse: Deixe de bestagem Zé. É que me deu muitas saudades de você, fui para nossa casa, mas não te encontrei. Soube que você estava aqui e resolvi fazer essa surpresa. E tem mais, depois que passar essa bebedeira terá que me explicar o que você está fazendo aqui.
E continuo vivendo com Janaína, que é a razão de minha vida, e já temos dois filhos, Daniel e José Pretinho Júnior. E vamos vivendo com as graças de Deus!”
22 Comments
Kkkkkk, surpreendeu. Emocionei – da tristeza a alegria!!! Foi uma linda e feliz história. Fico aqui pensando: por quê a gente sempre espera o pior?!
Fabiana, sim fiquei emocionada também e triste. A tendencia de esperar o pior é muito triste.
História linda…a vida imita a arte ou a arte imita a vida…parece história de filme.
Marcia ri muito e concordo. Conhecemos o personagem.
Muito bem narrado e escrito. Parabéns, Roseli! História que reflete “as voltas que a vida dá “.
Nadir que bom que gostou. A arte é a própria vida né amiga?
História linda e bem narrada.
A arte de viver sem medo de ser feliz,
O amor supera tudo.
Reis viu quanta coisa linda podemos conhecer?
A históra é super interessante e com uma bela narrativa ficou melhor ainda. Parabéns!!
Peixoto, que bom que gostou.
Foi um reencontro ,desses que a vida tem e muito pouco se explica ,mas se era para ficarem juntos tudo certo , felicidades ao casal.
Lucia quem explica os encontros e reencontros? o negócio é viver e sentir mesmo.
Chocada, hahahaha!
E ao mesmo tempo, surpresa pela reviravolta. 😂👏🏽
Simone, que bom que gostou.
Parabéns pela narrativa, Roseli.
Sobre a história, nem sei o q dizer…rs
Vanuza, muito obrigada. Tem tantas histórias neste mundão de meu Deus.
Eu conheci o Zé Pretinho em Terezina, e não obstante aquele susto eu ainda não me deparei com um cabra mais feliz. Perdoar é humano e acreditar na mentira deixou o cara sem aquelas responsabilidades para com a dita cuja. kkkkkkk
Amor, lembro do dia como se fosse hoje.
Impressionante o poder da mente!
Acreditar é o melhor remédio !!
Toinha, o que fazer? viver o agora né??
Kkkkkk
Ninguém segura a astúcia de uma mulher!!!!
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