Minha recordação da primeira casa que vivi é muito linda! Casa que desenvolvi os primeiros passos e onde aprendi a balbuciar as primeiras palavras rodeada de muito amor e incentivo. Espaço em que me sentia segura, e mesmo na simplicidade da casa de madeira, ela se tornava um castelo de príncipes e princesas.
Mukay, Yoshio me diz sobre à casa da infância: “É o santuário primeiro de nossa subsistência e vida. É o portal sagrado por onde se entra no mundo, onde se consagram os alimentos que nos mantêm.”
Como primeira filha fui bem desejada e esperada. Construímos uma família de 5 irmãos. Aos domingos à noite, as conversas davam lugar ao programa de rádio com músicas para dançar. Eu e minhas irmãs dançávamos colocando o nosso pé em cima do pé do pai, e dávamos os primeiros passos na dança. A felicidade era tanta que nossos risos se misturavam com as músicas.
Nos almoços de domingo, na maioria das vezes, comíamos frango, maionese e algumas vezes um refrigerante. Esperava ansiosamente por você meu Pai, que viajava dias e dias para longe de nós. Ouvíamos o som do caminhão bem distante da nossa casa e ficávamos na varanda esperando você aparecer, abrir a porta do caminhão e descer com o sorriso mais lindo, gesticulando e falando alto como bom italiano que era.
Eu e mais cinco irmãos sentávamos para ouvir suas histórias da viagem, sempre carregadas de uma pitada de brincadeiras.
Quando fecho os olhos sinto o cheiro daquela casa, para mim um palacete, e ouço o barulho dos nossos passos nas tabuas de madeira; sinto o cheiro do leite tirado da vaquinha que minha irmã, a mais corajosa, tirava, além de desfilar pela cidade exibindo aos amiguinhos.
Hoje carrego em meus pensamentos e em minha personalidade a garra, sem perder a doçura, de uma filha que ajudou sua família especialmente seus pais.
De todas as dores que vivi nesta vida, perdas e experiências fracassadas, foi no colo seu, meu pai, que consegui curar. Foram suas palavras firmes, nem sempre gentis, que me fizeram sacudir, levantar a poeira e dar a volta por cima. Sim, meu pai, foi você minha estrutura e fortaleza.
Meu pai, a figura masculina que povoa minhas lembranças, merece um agradecimento especial e envio ao meu primeiro lar um carinhoso e firme: muito obrigada!
E você, se lembra de sua casa da infância, onde tudo começou?
10 Comments
Maravilhoso texto.
Me emocionou.
Como nos esquecemos de recordar esses momentos tão valiosos??
Filha que bom que gostou, meu coração que fala eu só passo para o papel.
Amei
Que bom.
Emocionei-me com seu texto, Roseli. Muito bem escrito.Tenho um poema também com essa temática e, coincidentemente, com o mesmo título , no meu livão “Ecos”. Enviarei para você depois.
Nadir que bom que você tem, mande para mim. abraços.
Lindo texto, com liderança lindaa memórias!!! 👏🏻👏🏻👏🏻
Muito obrigada, memórias que alimentam nossos dias atuais.
Ninguém esquece sua primeira morada. Faz dois anos tive o prazer de rever minha primeira moradia e ao lado a casa de minha vó ainda está lá do mesmo jeitinho. Lágrimas rolaram de felicidade !
Lindo. Sabe jamais imaginei que pudéssemos sentir tanta emoção ao rever a casa da infância. Que bom dividir com mais pessoas!