Demorei muito para entender e aceitar a morte, pois tive várias experiências com ela.
A primeira foi quando me tornei órfã, pois não foi uma situação nem um pouco confortável. Me sentia estranha, tipo “deficiente”. Perder minha mãe, minha grande amiga e confidente foi muito difícil! Tive duas irmãs e por uma delas, tive um grande investimento em terapia, pois achei que já tinha aproveitado a convivência com ela e optei em seguir o conselho “aproveite viver com a pessoa enquanto está viva” e não fui ao velório. Mas é errado! Não existe estratégia nenhuma. Cada um faz a sua e a vive sem culpa, o que é muito difícil.
Outras experiências foram à morte de meus sogros, cunhadas e marido que era jovem, cheio de vida, com muitos planos e projetos. Essa dor nunca acaba. Vez por outra ainda sinto que teria que acertar algumas coisas com ele, afinal, temos dois filhos e dois netos. Também perdi amigos bem próximos, outros mais distantes e alguns ídolos cujo sentimento foi como perder alguém da família.
Não vou discutir o conceito de morte, o que cada um pensa ou não. Meu questionamento é apenas um e o que mais me persegue, e ele me ajuda a dar um sentido mais sublime a minha vida e um entendimento mais profundo sobre a morte. Nossa vida seria muito pouco se só existisse esse mundo aqui. E acredito que este deva ser o mundo mais rude e tosco que a vida nos apresenta.
“ Se tudo acaba com a morte carnal, vale qualquer meio para obter vantagens e desfrutar os prazeres desta vida e as pessoas honestas acabam fazendo o papel de bobas. Se esse pensamento passar a ser uma opinião geral, desaparecerá a moralidade, a mente das pessoas se tornará conturbada e este mundo se transformará num inferno repleto de malfeitores. Não estará a sociedade caminhando nesta direção? ” (Masaharu Taniguchi)
Por todas as mortes que presenciei – e não acho macabro falar dela, nem sobre ela, porque todos nós um dia iremos partir – acho que é a única e verdadeira democracia, porque você não compra vida e nem mesmo mais tempo dela. E por mais rico que seja, na hora da morte, todos somos exatamente iguais e temos o mesmo fim.
Tenho uma amiga que mora em Santa Catarina e sempre nos conta que no dia dos finados era uma festa para ela e para a família toda. Em seus 5 anos, ela se enfeitava e todos iam para o cemitério, participavam de uma missa, depois os adultos “jogavam conversa fora” e as crianças brincavam de esconder entre os túmulos. Todos vestiam a melhor roupa para homenagear seus entes queridos e dificilmente a festa terminava ali. Depois, um vizinho convidava o outro para continuar “a festa” em sua casa.
Hoje, temos nossas ressalvas sobre cemitério e desmitificamos esse sentimento contando as brincadeiras e histórias daqueles anos, sem esquecer do riacho que corria e o barulho que fazia, dando um toque especial àquela cena. Visito o túmulo da minha família, levo flores, oro, agradeço pela vida que tenho e procuro mantê-los limpos.
Sei o que isso significa para mim, mas não sei o que significa para eles e nem para as pessoas. Mas quer saber? Não fico muito preocupada com isso no momento. Aprendi a respeitar as minhas raízes e manifesto meus sentimentos de gratidão através da fé que eles professavam enquanto viviam, porque pode parecer contraditório, mas “a morte sempre me faz pensar mais na vida”. E em todas que vivenciei, reflito sobre como viver bem e melhor, e aproveitar cada cantinho da minha vida. Aprendi a estar com a mala preparada e não sei quando o trem passará e qual será o dia de minha passagem.
33 Comments
Verdade é o que toca profundamente no centímetros dos humanos o único momento em que para para refletir sobre a vida
Sim, uma oportunidade de refletir.
É isso aí minha comadre ! A morte nos faz pensar muito na vida! Saudades
Saudades também.
A pessoa anônima fui eu minha comadre!!!
ahahahahhahaha venha me ver.
Interessante como esperar a morte pode nos deixar mais vivos! Mais incrível ainda é viver entendendo que perde-se horas, dias, anos… percebe-se só quando está para morrer. Parabéns pelo texto… muito inspirador
Que bela reflexão vc fez. Gostei que inspirou vc.
Interessante como esperar a morte pode nos deixar mais vivos! Mais incrível ainda é viver entendendo que perde-se horas, dias, anos… percebe-se só quando está para morrer. Parabéns pelo texto
PRA MIM CADA UM TEM UMA MISSÃO QUE VIEMOS CUMPRIR, E DEPOIS VAMOS EMBORA. EMBORA ELES FAÇAM MUITA FALTA, COMO DIZ O MEU FILHO, TÃO EM PAZ E NÃO PRECISAM CORRER E SE PREOCUPAR COM A VIDA.
Que bacana pensar assim. Vale a pena viver bem para descansar depois.
Realmente, como a morte faz a gente pensar e a valorizar a vida…
Isso mesmo, viver bem e valorizar cada momento.
É muito interessante a reflexão. Ainda bem que tem muitas pessoas que acreditam na continuidade da vida e, cada dia mais aumenta esse número, evitando assim o caos.
Isso mesmo amigo, a crença da continuidade da sentido a vida.
Gostei do texto. Da sua história. Me fez uma bela reflexão sobre meus que se já partiram e sobre tudo a minha vida. Amiga Roseli.
És bela em tudo que fazes. Te admiro.
Você deixa rastros de amor
Desculpa. Quando vi, esqueci de alguma vírgula ou pontuação. Mas você me entendeu .
Minha querida, você é uma luz que brilha sempre. E cuida bem dos seus, amor puro.
Ótima reflexão! Que deveríamos fazê-la todos os dias. Abçs!
Se há algum conforto na morte de alguém que amamos, é o de saber que ele está indo para um lugar onde não há tristeza, maldade e dor.
Isso nos deixa mais felizes e tranquilos.
Uma reflexão de saudade ,de um sorriso de um abraço de tantas brincadeiras e ensinamentos ,do cheiro e do olhar de meu pai que a morte levou de mim ,ainda eu uma criança,mas aí penso o quanto o viver dele me fez aprender para hoje seguir a minha vida , reflexão de gratidão.parabens Roseli ,sempre com relatos de amor e ensinamentos
Fico feliz que meu texto tenha inspirado uma lembrança tão doce e amorosa. Os ensinamentos são para a vida, por isso és assim tão especial.
Falamos tanto na vida…e muito pouco na morte . Será por que? Talvez a morte tenha muito mais coisas para nos contar e mostrar do q a vida. Belo texto Rozely de emoção e reflexão .
Muito bom este testo Roseli fés eu refletir muito sobre a morte e meus ante passado
Acreditar na continuidade me dá uma vantagem grande, de procurar viver sempre bem comigo mesma, pois continuarei a viver comigo!
Boa reflexão.Acho que devemos viver como se nunca fossemos morrer, pois esta data não nos pertence.Quanto a haver só este mundo, com certeza não é.Parabens pelo exercício de fazermos pensar.Abraço.
Lucas sempre refletimos sobre isso e nos faz muito bem. Vamos continuar neste caminho.
No estudo da vida, entendi que não há a morte real. O que morre é o corpo físico e nós não somos corpo físico. Somos Espíritos habitando um corpo para as devidas experiências e aprendizados. Quando o corpo não tem mais condições de abrigar o Espírito, ou seja, eu mesmo, ele para de funcionar, suas partes constituintes se desagregam dando origem a outras formas de vida. O Espírito retorna ao Mundo Espiritual onde faz um preparo para dar sequencia ao seu progresso através de novas reencarnações. As comprovações são fáceis de verificar.
Essa busca constante de entendimento da vida e da morte nos deixa mais felizes, também acredito nisso.
A morte é o outro lado da vida!, um existe em detrimento do outro. O propósito do significado da existência humana é o questionamento! aprendemos com as experiências seja qual ela for! Boa matéria Roseli ! Bjo
Silvana, um espelha o outro. E o questionamento nos faz muito bem. Gosto muito de falar sobre esse tema.
Quanto mais eu penso na morte, mais ganas eu tenho de viver. A morte de um ser querido é algo que nos traz um vazio quase insuportável, mas, a certeza da continuidade, de que um dia nos encontraremos novamente, nos estimula a esquecer nossos medos, nossas tristezas e a sonhar com o grande reencontro. Vamos viver bem, para deixarmos bem quem for depois de nós. E vamos viver intensamente agora, para podermos levar felicidade e paz para quem estiver nos esperando do outro lado.
Isso mesmo, e vamos viver bem intensificando e vivificando cada momento. Todos ficam felizes os vivos e quem já mudou de endereço.