Anjos da guarda

Independente se você acredita ou não em anjo da guarda, conheça esta história. Quem nos conta é uma grande amiga, muito especial e querida no meio em que vive.

“Minha família morava em uma cidade do interior de São Paulo e nessa cidade havia uma grande oportunidade de emprego por causa da Usina Amália da família Matarazzo. Essa usina atraía muitos brasileiros, especialmente nordestinos, para trabalharem em época da safra.

Quando a safra acabava, retornavam para suas cidades de origem, para suas famílias e muitos nunca mais voltavam para trabalhar. Alguns engravidavam as moças e nunca mais davam notícias. Na verdade, muitas vezes nem sabiam que tinham deixado filhos naquela cidade.

A matriarca da família, chamada de vozinha, assumiu a missão de dar socorro às moças que foram “enganadas” pelos trabalhadores. Isso aconteceu porque como ela era rezadeira, algumas moças iam até sua casa para pedir remédio abortivo, mas ela, com muito amor, convencia algumas moças a manterem a gestação e lhes oferecia guarida até os bebês nascerem. Depois do nascimento, umas ficavam apaixonadas pela criança e voltavam para suas casas. Outras ofereciam para a adoção. Assim, a tarefa da vozinha continuava. Foram centenas de crianças que deixaram de ser abortadas graças ao trabalho dessa mulher maravilhosa.

Um dia, apareceu um jovem dizendo que era filho de uma amiga de vozinha e pediu para passar algumas noites em sua casa. Ela explicou que ali só entravam mulheres e que não poderia permitir que ele, por ser homem, pernoitasse.

Mas o coração de vozinha falou mais alto e como ela era a comandante da família, chamou o filho e ordenou para receber o rapaz. Ele não concordou de início, mas acabou aceitando até porque ninguém discordava das ordens dela.

O jovem hóspede recebeu seguinte aviso: –“Olhe, no quarto de minhas filhas não tem porta, mas em cada uma delas tem três anjos com espadas cruzadas enormes, e tenho absoluta certeza de que toda minha família está protegida de qualquer mal. Somos evangélicos, por isso, temos fé. Você pode ficar aqui por três dias”.

E assim aconteceu. O hóspede se foi em três dias e a rotina da família voltou ao normal.

Como nós não tínhamos televisão, fomos assistir o noticiário na casa de uma tia e pasmem, o rapaz que hospedamos era foragido da polícia! Ele havia matado, estuprado e esquartejado uma menina de 8 anos do bairro.

O pânico foi geral! Começamos a gritar e todos, com muito medo, fomos à delegacia mais próxima. No caminho, minha mãe disse que quando ele a tocou, sentiu uns calafrios horríveis e percebeu desde o começo ele a olhava de forma esquisita.

A polícia foi atrás do rapaz até encontrá-lo, trocaram tiros e então, ele morreu. Minha mãe levou todas as filhas, mostrou o morto e disse para não temermos mais, pois nosso anjo da guarda cuidaria sempre da gente, como havia feito naquele dia.

Até hoje ela afirma: “eu não acredito em um anjo apenas; acredito nos três anjos que protegiam a porta de nosso quarto”.

E você, acredita em anjos da guarda?