Hoje vou contar a história de Dona Amália. Eu morava no interior do Paraná e do outro lado da rua morava uma senhora alta, magra, cabelos tingidos de preto e que dificilmente passaria sem ser notada em qualquer ambiente que ela frequentasse.
O marido de Dona Amália, caminhoneiro como meu pai, fazia longas viagens e ela ficava muito tempo sozinha em casa.
Quando sentia vontade de contar histórias e preencher aquele vazio que ela dizia ter, me chamava para saborear um pedaço de bolo e papear.
Sempre me contava a história de um grande amor que teve e afirmava que ainda era o grande amor de sua vida.
“Ele era o mais lindo dos jovens de nossa turma. Sabia conversar com uma voz calma e firme, e ria alto depois que contava suas conquistas pelo mundo afora, pois gostava muito de viajar. Tinha o olhar mais doce e profundo que podia existir. Logo que eu o vi, sabia que seria meu grande amor porque nenhum rapaz tinha feito o meu coração bater daquela forma.
Começamos a namorar e foi muito bom. Assistíamos filmes e conversávamos muito, o tempo todo. O quintal de minha casa era um tapete verde e a gente deitava na grama e contava as estrelas. Descobríamos o desenho que as nuvens pintavam no céu e depois nos abraçávamos e beijávamos muitas vezes.
Nos bailes, ele era o mais lindo! Quando atravessava o salão para me convidar para bailar, todos os outros que lá estavam desapareciam e ficávamos abraçadinhos o tempo todo, até cansar de dançar!”
O olhar de Dona Amália se perdia nas lembranças do melhor tempo da sua vida. Como eu percebia? Através do brilho de seus olhos.
Ela suspirava e esquecia que eu estava lá. E eu, ficava debruçada na mesa, balançando meus pés e me perguntava internamente por que ela não tinha casado com este homem por quem era apaixonada.
Como o amor era lindo quando ela falava! Amar era muito doce e leve, pensava eu. E em minha mente passava um filme tal era a força e a certeza com que ela contava a sua história de amor.
Mas um grito forte e assustador nos trouxe a realidade. Era seu filho com problemas mentais que exigia sua presença o tempo todo. Não fazia nada sozinho e era dependente dela em tudo.
Neste momento pensei em ir embora, porque o sonho tinha acabado e a realidade fria e cruel estava ali instalada.
Vocês poderão dizer ou pensar: realidade fria e cruel?
Pois então vejam o que Dona Amália me disse:
“Sabe por que tenho um filho assim?” – explicava Dona Amália balançando os cabelos negros que caiam pelas suas costas.
Respondi: “Não sei não, por quê? ”
Ela concluiu: “Foi castigo de Deus! Eu não consigo amar o pai de meu filho, e no meu coração e pensamento só tem lugar para o meu grande amor do passado. Então, Deus Pai está me dando uma chance de ir para o céu. Se cuidar bem do meu filho, ele vai me perdoar… eu tenho certeza disso!”
Claro que aquilo ficou impregnado em minha mente e entedia a felicidade que D. Amália demonstrava por cuidar de seu filho. Não a via reclamando de nada, nem se queixando. E olhe que eu era a sua ouvinte preferida.
Creio que ela me ajudou muito, ironicamente falando, quando eu ouço falar em autopunição e castigo de Deus. Fui criada em uma religião que falava muito sobre isso e minha mãe fazia questão de lembrar que Deus estava me vendo 24 horas por dia e sabia tudo o que eu fazia.
Mas até hoje, não sei porque Dona Amália não casou com seu grande amor. E de vez em quando, me pego pensando sobre isso. Imagine um Deus Pai tão generoso e amoroso dar um castigo desses! E como pode alguém acreditar nisso?
E você, o que acha? Será que ainda tem gente que acredita que Deus castiga seus filhos e filhas?
17 Comments
Deus nao castiga seus filhos. Tudo o que nos acontece sao consequencia dos nossos atos, ou dos nossos antepassados. Deus é maravilhoso
Concordo plenamente! E quem sabe ela ainda não reencontra o grande amor da sua vida! Pra Deus nada é impossível! Podem acreditar!
Concordo com vc, culpar Deus é não conhecê-Lo verdadeiramente.
Deus é generoso e perdoa. assim . cria se uma imagem perfeita e tudo é perfeito criado pelo Criador.. as imagens imperfeitas de Deus castiga são apenas na mente humana.. Deus quando criou o mundo com amor o diabo não teve participação.. logo, a mente humana ..ele quer ter para manipular…NAO SE DEIXE DOMINAR. VIVA NA PRESENCA DO ESPIRITI SANTO..TUDO FLUI COMFORME A MWNTE. OCUPE SE COM PENSAMENTOS DO BEM….
Lordes recado dado e recado aceito. Muito obrigada
As vezes esconder-se atrás de Deus é mais conveniente ou invés de assumir suas próprias responsabilidade e falta de coragem, botam uma culpa que Deus não tem.” Foi por que Deus quis”, Ele não quis nada! Tudo seus méritos e conquistas.
Assumir sua responsabilidade da trabalho e muita dedicação. Assusta acredite.
Deus não castiga ,no caso dela não era para ser e nem tão grande e verdadeiro era esse amor ,tanto que não ficaram juntos ,penso que são ilusões sustentadas pela mente ,que dão o nome de castigo de Deus .
Lucia eu concordo com vc.
Algumas religiões insistem em um Deus que pune e castiga. Deus é bom e misericordioso! Acredito q as provas e expiações da nossa vida presente é algum resgate de vidas passadas para nossa purificação. Tudo o Deus quer é que aprendamos com isso é nos tornemos melhores , como seres em evolução ,
Kathien algumas ainda fazem isso para ter seus fiéis sob domínio. Acredito que tudo serve para nossa purificação sim.
Ação das Leis de Causa e Efeito.
Entendendo a reencarnação compreendemos a Justiça Divina.
Marco muito obrigada pela sua participação mais uma vez enriquece nosso blog. Lei da Causa e efeito sim, implacável.
Kathirn perfeita a sua colocação ,meu pensamento catolico está “Deus não pune nem castiga”.”Deus e bom e misericotdioso”.
Parabéns pela sua colocacao…….
Melvi querida. Deus é bom e amoroso. Muito obrigada pela participação.
Pensando no raciocino dela. Se ela tinha recebido o filho por castigo a ela porque não amou o pai dele. Porque o menino tb estaria sendo castigado. Com certeza a dor maior nesse caso ainda eh da criança.
Não acredito em castigo. Acredito no amor
Fernanda eu penso como você e Deus é amor.