Divido com vocês novas histórias da infância de meu marido. Época em que o bullying se chamava “apelido”. Ele me relata:
“Do time do “Chora Meu Olho” (se não leu ainda esta história, clique: http://varanda.blog.br/chora-meu-olho/), tenho outras pessoas interessantes de minha terra para apresentar a vocês. Mas sem narrar demais, vou falar um pouco sobre este personagem, o “Marca Passo”.
“Marca Passo” era uma criatura de uns 30 anos e de 1,70 metros de altura. Apareceu por lá vivendo na rua de esmolas. Não dava uma palavra sequer e era muito doente (aparentava doença dos rins, pois vivia bastante inchado). Ele se sentava no banco do jardim e com os olhos fixos para o firmamento, parecia conversar com os seres invisíveis. Não se sabia de onde ele era e nem quem era. Dava pena de ver um ser humano viver naquelas condições. Ele ficava parado por longo tempo e de repente saia sem rumo, dando largas passadas, daí o apelido de “Marca Passo”. Depois de algum tempo, ele desapareceu e nunca mais foi visto.
Outro cara interessante era o “João Mendengue”. Era um doido-manso, que morava de favor na casa de um cidadão que o acolheu e ele o retribuía fazendo pequenos afazeres domésticos. Mas quando a loucura chegava, ele subia na marquise de uma casa comercial e fazia discursos empolgantes. Geralmente atacando Seu Mecenas, o prefeito. Os desocupados adoravam a cena, incentivavam batendo palmas, gritavam, assobiavam e vários “bravo, muito bem” eram ouvidos pela população e por ele, que se sentia o máximo, cada vez mais empolgado. Isso acontecia em qualquer dia útil ou feriado. Um belo dia, com aquela inspiração peculiar, estava atacando os ricos e dizia: “O pobre é um bicho tão azarado, que no dia que merda virar dinheiro, ele nascerá sem bunda”. E nesse dia, acho que ele entrou em cana, mas nunca foi tão aplaudido na vida.
Outro caso engraçado aconteceu com o Hermegildo, vulgo “Hermé”. Esse também era um doido-manso, mas muito conversador e corajoso. Havia um circo dando espetáculos com trapezistas, dançarinas e palhaços. Mas havia também um ringue para luta de boxe, onde um elemento do circo desafiava os expectadores para lutarem e sempre alguém se motivava e participava. Nesse dia, era um negão de uns2 metros de altura e forte como um cavalo. O desafio foi feito e sabem quem aceitou lutar com ele? O Hermenegildo! Todos se levantaram e aplaudiram aos gritos: “Hermé, Hermé…!”
E lá foi ele enfrentar o negão que tinha quase o dobro de seu tamanho. Eu achava que se travava de uma brincadeira, mas o Hermegildo ficou tão excitado com o incentivo da plateia, que partiu para cima do negão dando-lhe uns bofetões. O negão só se defendia, mas a pressão foi tão grande que ele, de cima para baixo, devolveu um cascudo que deixou o Hermé desacordado. Minutos depois, ele acordou e a galera começou a gritar: Marmelada! Marmelada! O Hermé ficou muito irritado e mostrou o olho roxo dizendo: Olhem aqui a marmelada! E todos riam. E assim, o espetáculo terminou.
Como eu disse, Hermenegildo era muito inteligente e louco. Um irmão o levou para um sanatório, em Salvador, com o intuito de interná-lo. Os dois foram para a entrevista com uma equipe de médicos e psiquiatras. E o resultado? O Hermé voltou para casa e o irmão é quem ficou internado (hahaha!)
Espero que tenham dado belas risadas, porque como diz o Google:
Uma boa risada alivia a tensão física e o estresse, deixando seus músculos relaxados por até 45 minutos depois. O riso estimula o sistema imunológico. Ele reduz a liberação dos hormônios do estresse e aumenta o número de células imunes e anticorpos que combatem as infecções, melhorando assim sua resistência às doenças.
Até quarta que vem!”
2 Comments
Realmente não tem como não dar boas risadas ,com as histórias que seu Júlio compartilha conosco ,essa do Hermenegildo então ,com certeza não houve outro igual .
Kkkkkkkk… os nomes são interessantes!
😂😂