Gosto muito de fazer ginástica na academia ao ar livre em praças ou parques. Adoro frequentar a academia da melhor idade após dar uma boa caminhada, para exercitar o corpo e conversar com as pessoas. Faço isso em todas as cidades que visito ou moro.
Vou contar algumas histórias que ouço de “amigas e amigos” desses locais.
Em Ribeirão Preto, eu sempre converso com uma senhora japonesa que tem uns 70 anos. Ela me fala de sua vida e cada vez me conta uma história diferente, explicando o motivo de não ter se casado novamente. A última desculpa foi porque o marido faleceu e ela esperava morrer também após dois anos, o que não ocorreu. Um dia, ela estava mais feliz do que o habitual e veio ao meu encontro, muito eufórica, para contar o ocorrido. Disse que havia um homem interessado nela, mas que estava com receio de encontrá-lo. De repente, ela se escondeu atrás de uma árvore e apontou para uma direção, sem falar nada. Cheguei perto dela e questionei o que estava acontecendo. Respondeu: “É ele, é ele… me seguiu até aqui!”
Eu não sabia se ela estava feliz ou indignada. Fiquei muito curiosa para ver o pretendente. De repente, surgiu um japonês com uns 80 anos de idade nos olhando e se dirigindo até nós com passos lentos, porém, seguros. Mas quando olhei novamente para minha amiga, não mais a encontrei…ela havia sumido em poucos segundos!
Eu jamais perderia a oportunidade de ser cupido nessa história, até porque, se eu pudesse contribuir, faria todo mundo feliz ao lado de outro pessoa (se ela desejasse, é claro)
– “Bom dia!” – digo com a maior cara de pau – “Tudo bem, senhor?”
Ele me respondeu, mas olhava de soslaio como se estivesse (e estava) a procura de alguém.
E eu continuo:
– “Procurando alguém?”
Ele sorriu e quase perdendo a voz, me respondeu positivamente. E como se a voz tomasse força e ele coragem, me contou sua história:
“Eu era casado com uma senhora de 80 anos. Mês passado nos separamos e eu estou a voltar a namorar com ela, mas ela não acredita em mim e foge.”
Eu fiquei encantada ao ouvir a história e perguntei sua idade. Respondeu que tinha 92 anos e continuou conversando, falando dos filhos, netos, noras e da família toda. Nesse dia, aprendi que não existe idade para ser feliz!
Um senhor de sessenta e poucos anos me contou histórias sobre os bailes de terceira idade:
“Danço com todas! Não gosto de ver uma velhinha sentadinha no banco a noite toda. Vou lá e a convido para dançar. Ela já fica feliz e eu também, pois pude fazer alguém feliz!”
Esse diálogo ocorreu nos aparelhos de ginástica. Quando fui caminhar, uma senhora me disse:
– “A senhora ouviu as histórias do fulano?”
– “Aquele que gosta de dançar nos bailes? Questionei.
– Sim, ele gosta é de menina nova. Já levou chifre de uma, mas não toma jeito. Ainda tenta se casar com outra, mais nova ainda. Com a gente ele só quer dançar e com elas ele quer casar e cuidar – disse ela.
Mas também tem histórias de solidariedade e amor verdadeiro em minhas atividades físicas ao ar livre. Um senhor muito elegante se despediu dizendo que teria que voltar logo para casa. As mulheres que estavam junto falaram: “Não vá, não! Fique mais um pouco, o sol está fraco ainda!” Mas ele saiu dizendo que tinha que cuidar e dar remédio para sua esposa. Em seguida, uma mulher muito falante e pela conversa, louca para viver um grande amor, disse: “Ah, quem dera eu ter um amor assim. Faz 10 anos que a esposa dele está acamada e ele não deixa ninguém cuidar dela. Só ele mesmo que cuida!”
Logo passa por nós uma senhora com uns 70 anos, elegante, sorridente, chapéu na cabeça e que nos cumprimentou: “Bom dia!” Só que não senti muita alegria na resposta das amigas, tanto que uma fala para a outra: “Depois que arrumou namorado, anda assim, parece a dona do mundo!” E a outra a retruca: “Sempre foi metida assim, você não lembra?”
Lembro-me de meu pai que dizia: “Rose, o que acontece nos bailes e encontros da terceira idade, vocês nem imaginam…tem de tudo, amor, ciúme, traição, inveja. A gente não está morto e sente tudo como vocês. Agora a gente é livre!”
Meu pai tinha uma esposa muito jovem que frequentava os bailes da terceira idade. Um dia, ela foi vítima de seus ciúmes e meu pai quebrou o pau. Teve até polícia no baile e foram parar na delegacia. Eu disse na época: “Meu pai, o que digo ao seu neto? O senhor fez todo esse escândalo, com essa idade!” E ele me respondeu: “Diga que se mexerem com a esposa dele, quebre o pau em qualquer idade!”
E para encerrar, meu pai, sempre galanteador, dançava com todas. Uma que era apaixonada por ele, dançou num baile e no outro dia faleceu. Ele ligou para os filhos dela, muito assustado, querendo saber a causa da morte. Um dos filhos disse: “Muito obrigado, nunca vimos mamãe tão feliz como ontem, quando voltou do baile!”
Leitores da Varanda, a vida é uma festa, com muitas coisas boas para contar e lembrar. No final, é tudo igual! Mudam os personagens, as músicas, o local, mas a história se repete sempre. Todos querem amar, serem amados e buscam a felicidade. Aproveitem a vida! Carpem diem!
15 Comments
Você se interessa pelas pessoas e isso é especial e inspirador.
Obrigada!
🌻
Sempre boa observadora do lado bom da vida 🌹
Bella, sempre gostei desde menina.
Histórias hilárias.
Me fazem feliz.
Legal, gosto muito das sua histórias!!☺️
Almanir, que bom que gosta.
Maravilhosaaaaa!!! Amo sua varanda. Bjssss
Marisa, que bom que gosta, Um dia contaremos uma história sua, que tal??
Parabéns, Roseli 😀👏👏
Muito obrigada.
Olá!
Ri muito com estas histórias! Muito legal!
Num futuro não tão distante seremos os personagens! Com fé em Deus!
Amiga pois é. Tomara que alguém conte histórias sobre nós.
Muito bombro ler você, amiga Abraços.
Nadir muito obrigada.