Sento-me na varanda dessa vez, para contar uma história linda de superação de uma grande amiga, na verdade uma amiga irmã, dessas que aparecem na vida da gente com uma docilidade incrível e uma firmeza encantadora. Uma amizade que vem de graça e começa a fazer parte da nossa vida com muita intensidade.
Vou chamá-la aqui de Mariana. Filha de uma mulher muito batalhadora que ficou viúva aos 26, pois seu marido morreu aos 27 anos de tétano, resultado de uma pisada num prego. Sua mãe teve 4 filhas e estava esperando um bebê (que era Mariana) quando perdeu o marido.
Sua mãe achou por bem não se casar mais e nem namorar. Achava muito perigoso e tinha medo do que poderia acontecer com elas caso trouxesse um homem para sua casa.
Mariana não tinha referência de pai, não o conheceu e nem teve parentes que pudessem representar a figura paterna em sua vida. O pai havia falecido em junho de 1.966 e ela nasceu em setembro do mesmo ano.
Começou a trabalhar cedo, pois a mãe era professora e enfermeira, mas para sustentar tanta gente era pouco. Cada filha buscou um caminho e foi atrás de aprender uma profissão, além de aprenderem a sonhar e a buscarem meios para realizar seus sonhos.
A casa vivia em festa, muitas alegrias, falatórios e histórias contadas por cada uma com o riso e a fala do povo italiano.
Mariana, a mais nova de todas, chegou a ser aluna da mãe por alguns anos. Viveu várias histórias engraçadas como essas:
Esquecia sempre o caderno das tarefas em casa. A mãe dizia ameaçando: “Filha, na próxima vez que esquecer o caderno, vou bater em você na frente dos colegas, estou te avisando!” Mas ela não acreditava que a mãe faria isso. Um belo dia, dito e feito. A professora, sua mãe, pediu que todos levassem o caderno de tarefas para ela. Mariana levantou a mão e disse: “Não trouxe, deixei em casa”. A professora-mãe a pegou pelos cabelos na frente de toda turma e deu 10 minutos para ela ir para casa buscar o caderno, e se não estivesse com as tarefas prontas, iria apanhar na frente de todo mundo. Então, Mariana foi correndo 4 quadras até sua casa. Fez a tarefa no caminho enquanto corria e em 12 minutos estava entregando o caderno. E claro, não apanhou.
Mas teve outra situação que Mariana se viu apertada.
Aos 8 ou 9 anos, Mariana limpava o posto de saúde aonde a mãe trabalhava. Um belo dia, roubou o batom de uma colega de trabalho da mãe, pois achava que a moça tinha muitos. Quando ela chegou em casa, mentiu para sua mãe que havia achado o tal batom. No outro dia, a colega da mãe disse que tinha sumido o batom e a mãe de Mariana ligou os fatos. Contudo, fez a filha ir para casa buscar o batom. Reuniu sua equipe de trabalho e fez Mariana pedir perdão de joelhos e devolvê-lo.
Mariana começou sua vida profissional como babá e nesses empregos sofreu todo tipo de assédio, por quase todos os homens que cruzaram o seu caminho. Fugiu o tempo todo para evitar um estupro, mas precisava trabalhar e ajudar nas despesas da casa.
Foi promovida de babá para doméstica, começou a estudar a noite e trabalhar durante o dia. Seguiu seu caminho, construindo sua história entre estudar, trabalhar e fugir dos assédios.
Aos 14 anos, numa matinê de domingo, conheceu um rapaz maravilhoso, com apenas 16 anos e que fez seu coração bater mais forte. Vou chamá-lo de José aqui. A mãe de Mariana foi contra o namoro, pois havia rivalidade entre as cidades que ambos moravam, além disso, ficou preocupada com a reputação dela. Mariana já estudava a noite e a condição da mãe foi que, caso não parasse de se encontrar com José, seria proibida de estudar. Esta foi a promessa da mãe de braço de ferro!
Mariana foi morar em outra cidade e quando voltou, depois de 6 anos, para sua terra natal, José havia se casado com outra mulher que estava grávida dele após 8 meses de namoro. Foram terceiros lhe deram essa notícia e ela tratou de formar o seu lar também. Depois de um ano e meio, encontrou um homem e se casou grávida de 5 meses. Deste casamento nasceram três filhos.
E a vida seguiu… Mariana de um lado e José de outro.
Mariana me relatava como era sua vida de casada, com falta de diálogo, falta de carinho e outras coisas que levou o casamento ao fracasso, ou melhor, que nunca aconteceu como deveria, apesar do marido ser uma pessoa muito boa e digna.
Estávamos juntas tomando um drink à beira da piscina, quando Mariana me falou sobre José e disse com os olhos brilhando como a luz do sol: “Eu queria tanto saber como ele está!” E naquele dia, contou-me sua verdadeira história de amor. Rimos, choramos e segredos foram revelados como duas adolescentes.
O casamento de Mariana afundava cada dia mais e num momento de extrema coragem, quando o corpo, o coração, a mente e as células pedem para você decidir ser feliz (pois vivia doente, com problemas de saúde sem cura), solicitou a separação e deu início a um outro momento em sua vida.
Após o trauma, resolveu visitar sua família para se sentir acolhida e refletir sobre a nova fase. Um dia, quando entrava na padaria da cidadezinha em que morou, sentiu uma forte presença ao seu lado e quando se virou era ele, o grande e único amor de sua vida, o José. Trocaram algumas palavras entre olhares curiosos e ansiedade de não perder tempo. José apresentou seu filho, disse que também havia se divorciado e logo depois se despediram.
O romance interrompido por 36 anos passou a dar sinais de que agora iria dar tudo certo. Mariana levou José para a casa de sua mãe que o recebeu muito desconfiada e talvez um pouco de culpa, mas aos poucos foi se desmanchando de amores pelo novo (não tão novo assim) futuro genro.
Numa manhã, quando estavam todos juntos, a mãe de Mariana pediu desculpas, toda sem graça, por ter afastado os dois, mas pediu que entendessem tal atitude, já que eram muito jovens naquela época. José disse que estava tudo bem, que ambos precisavam viver o que viveram para hoje estarem juntos novamente.
Mariana e José vivem uma linda vida juntos, viajam, dançam, namoram, conversam… e eu não me recordo de ter visto minha amiga-irmã tão feliz e radiante como atualmente. Ah, e com muita saúde, vaidosa, leve, solta e verdadeiramente linda de corpo e de alma. Vivendo sua vida com intensa plenitude.
Você que está lendo esta história, só digo uma coisa: não desista caso ainda não tenha encontrado ou reencontrado seu grande amor. Nunca é tarde para ser feliz. O importante é viver intensamente, plenamente, se permitindo fazer coisas que nunca fez antes, sem medo e sem traumas. Como um cachorrinho que descobriu que deixaram o portão aberto…
28 Comments
Que linda história! Obrigada por compartilhar, Roseli.
Amo esta história. Vejo minha amiga muito feliz e fico também. De nada amiga.
Um verdadeiro amor nunca morre, linda história
Eu acredito também nisso.
Nunca é tarde para encontrar a felicidade!
Linda história!
Marilda a vida nos da muita chance e nunca é tarde mesmo.
Um reencontro de amor ,prova de que a distância e o tempo não destroem sentimentos verdadeiros ,e que sempre e tempo para ser feliz ,amei a história.
Lucia linda história de amor e de reencontro. amei também.
O amor verdadeiro é abnegado, não tem prazo de validade. Nunca é tarde para ser feliz!
Eliane o amor verdadeiro é tudo isso e muito mais.
Lindissima história !!
Muito linda e verdadeira. Muito obrigada
Foi uma luta para Mariana..
Mas com um final feliz
Nunca é tarde para ser feliz!!🙏🙏🙏
Dica cunhada querida. foi uma luta e agora estão muito felizes.
O tempo não apaga um amor verdadeiro. Nunca é tarde para amar e recomeçar. Achei lindo ❤️
Anny quem sabe um amor adolescente por ai ??? ahahhaha
Seria uma benção de Deus ❤️🙏🏻☺️
O amor move grandes barreiras .
Parabéns pela história.
Amor verdadeiro faz coisas que até Deus duvida.
Lindo mãe!
Adorei q descrição do cachorrinho que descobre o portão aberto! Devemos viver sempre assim!!!
Fer amei também rs.
Amei a história da Mariana!
Uma guerreira romântica!
Salete, ela é uma das pessoas mais doces que conheço. amo a história dela.
Muito boa sua história, gostei, tem sintomas de amores antigos.
oi, tem sim e como.
Eu acredito que encontros como este são reais e saber disso é muito bom!
Relato inspirador. Muito amor para todos nós!
Isabella o amor esta no ar, louco para se manifestar..
Roseli,achei muito interessante!
A Mariana sofreu, assédios,ficou órfã de pai antes mesmo de nascer, perdeu um amor… Teve uma história um tanto difícil!
E vc percebeu que todos os comentários foram sobre o Amor? Mariana deve ter ficado feliz com isso, afinal o que prevaleceu no final da história foi o amor! O restante foi superado!🙏👏👏