Rita, um raio de luz

Recebo na Varanda, a doce presença da amiga encantadora Rita Vaz, que me ensina que a vida é assim: cada tijolo tem seu tamanho, peso e preço, mas que precisa e deve fazer parte da construção de um mundo melhor.

Gosto de estar com Rita, ouvir sua voz, seu testemunho de fé e sua explicação para tudo. Vou transcrever aqui parte de sua história:

“Pertenço a uma família muito grande que morava no interior da Bahia e fui criada na roça pelos meus pais. Era uma criança sonhadora e feliz, mas com 8 anos de idade minha mãe me mandou para Brasília para morar com minha irmã adotiva. Ela tinha um bebê e fui a escolhida para ajudar neste momento tão importante de sua vida. Porém, eu não sabia fazer muitas coisas, afinal, era muito nova, da roça e por isso, passei muitas dificuldades. Meu cunhado era alcoólatra e tentou me violentar várias vezes. Apanhei muito com fio de luz dobrado, fui banhada com kiboa (água sanitária) e esfregada com pedra. Na época, fiquei muito revoltada com minha mãe. Acreditava que ela não gostava de mim por ter me enviado para morar com minha irmã. E essas lembranças desagradáveis deram muito material para meu crescimento (isso mesmo, crescimento. Conto logo a seguir).

Eu tinha muitos medos, inseguranças, não conhecia nada de sexo, pois ninguém havia falado comigo sobre esse assunto. Aos 12 anos, um senhor casado me agarrou no escuro e devido à falta de conhecimento e experiência, pensei que havia perdido a virgindade com esse homem. Passei a sofrer muito com bullying, com a rejeição de minhas irmãs e da sociedade em geral. Todo namorado que se aproximava de mim, eu falava que não era mais virgem e com isso, era discriminada e julgada.

Mas um dia me casei e fui estuprada por diversas vezes. Somente depois de um tempo é que descobri que se tratava de violência o que eu vivia ao lado de meu marido, tal era meu desconhecimento das coisas do gênero. Tive dois filhos que nasceram, mas morreram. Eu não gostava desse homem e um dia nos separamos.

Com o tempo, conheci outra pessoa e fiquei grávida novamente. Ele me mandou para Brasília e disse que depois iria também para ficarmos juntos, só que ele se casou com outra pessoa na cidade de Barreiras (Bahia). E eu, fiquei sozinha e grávida em Brasília.

Tudo era muito difícil! Não conseguia emprego, dormia em banco de rodoviária e não tinha dinheiro para voltar para casa. Tive que mendigar passagem e fui mordida por uma lacraia.

Minha mãe, que já era idosa, não podia cuidar da minha filha que nasceu, Cristina, o que dificultou ainda mais. Tentei suicídio três vezes, pois achava que essa era a solução de todos os meus problemas. Minha vida não tinha sentido, eu bebia, fumava e pedia ajuda nas igrejas porque eu queria sair daquela situação. Conversava com Deus pedindo que Ele me indicasse um lugar ou um caminho para seguir.

Conheci um outro homem, engravidei mais uma vez e nasceu Ariely. Mas ele não aceitava a Cristina, filha de meu antigo relacionamento, e nos separamos após 6 anos juntos. Até que um dia, aquele que me mandou para Brasília e me abandonou, me procurou e pediu para reatarmos com a promessa de que cuidaria das duas meninas e de mim.

Tentei, mas ele se tornou um traficante de drogas e um viciado. Passei muito sufoco, sofri demais vendo as pessoas se drogarem e comecei a me desesperar junto com minhas filhas. Reuni minhas forças e fugi para uma cidade vizinha levando minhas meninas.

Trabalhei como faxineira de uma casa bancária e fazia pãozinho para vender e sobreviver.  Passamos por muitas dificuldades, mas sempre trabalhamos com honestidade (nunca nos prostituímos). Montei um salão de beleza bem simples e minhas filhas arregaçaram as mangas comigo, sem preguiça de trabalharem. Uma delas me dizia: “Mamãe, um dia eu vou lhe dar tudo!” E assim, fomos superando todos os desafios que a vida nos apresentava e que a gente atraia pelas atitudes que tomávamos.

Uma de minhas irmãs conheceu a Seicho-No-Ie e me enviou uma Sutra Sagrada com um bilhete que dizia: “Se você ler todo dia uma Sutra Sagrada sua vida vai mudar”. E a partir daí, muitas coisas boas foram acontecendo. Fui conhecendo a filosofia e praticando os ensinamentos. Eu tinha pressa de vencer e pensava: “Não quero que minhas filhas cresçam vendo uma mãe que bebe, fuma, derrotada…”

Mas hoje eu venci e agradeço a Deus porque somos uma família próspera! Até hoje leio a Sutra Sagrada todos os dias.

Minhas filhas são honestas, trabalhadoras e quero que saibam todos os assuntos do mundo, para que não sejam enganadas pela vida como eu fui. Dialogamos muito sobre tudo e todos.

Cristina, minha filha mais velha, é formada em Administração e presta serviços para mais de 40 empresas, além do Sebrae.

Ariely também é muito estudiosa e esforçada. Pós-graduada em marketing, se dedica muito aos trabalhos que assume.

Quanto a minha irmã, já conversamos e perdoei ela e meu cunhado, porque aprendi a força do perdão. Não sinto mágoa e nem rancor após muito trabalho de cura espiritual.

E com minha mãe, na qual eu culpava e achava que não me amava, tive a oportunidade de cuidar e conviver muito no final de sua existência. Esses problemas que carreguei no subconsciente atrapalharam muito minha vida, mas depois de conhecer a Seicho-No-Ie, pude resolver muitos deles e ser mais feliz.

Hoje escolhi o caminho de mostrar para outras pessoas o que já existe dentro delas para que não percam a autoestima, não se desesperem e entendam que o poder está dentro delas. Quero mostrar que investir em si mesmas é o melhor para realizar todos os sonhos e projetos. Que não importa o que você foi, mas sim, o que você é!”

Gostaram? É ou não uma história de superação e de vitórias? Rita tem uma história de vida extraordinária e é um ser humano muito lindo.  Obrigada por existir! 😊